segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Perguntas da Platéia



Convidada da platéia


Pensando na complexidade desse quadro sobre a questão ambiental, algumas perguntas: existe um jornalismo qualificado no Brasil pra cobrir isso? Qual o papel desse jornalismo na criação de outra consciência? E essa consciência é capaz de produzir outras questões sobre o assunto? E no ponto econômico, o desenvolvimento sustentável é viável ou não passa de um romance?


Torres Freire

O Jornalismo brasileiro é muito pobre. Mas existe jornalismo qualificado sim. Só que não existe muito mercado pra isso.

O Jornalismo não tem que criar novas consciências. No entanto, se as pessoas tiverem interesse, ele é capaz de mudar. Mas o jornalismo, sozinho, não pode fazer muita coisa. Isso é mais um cunho político.

Sim, eu acredito em desenvolvimento sustentável. Mas isso não é só combustível. Falta infra-estrutura, planejamento, e isso degrada enormemente o ambiente.

Fernando Conceição

Paul, o Partido Verde no Brasil não tem nada a ver com o partido francês. Quais as diferenças entre os partidos e o que vem a ser uma pessoa "Verde Engajada"?

Paul

O Partido Verde francês tem uma visão radical, porém não revolucionária. O Partido Verde brasileiro tem mais a ver com essa segunda pergunta: as práticas do cotidiano. Eu sou ecologista político. O primeiro animal que me interessa no mundo é o ser humano. Não me interesso em salvar as baleias. Não é minha praia. No entanto vejo o meu partido como único no mundo que levanta essas questões. Não podemos deixar de usar um aparato, se não houver alternativas. Não vou parar de usar detergente se não houver uma alternativa viável a ele, por exemplo.

Liliana Peixinho na platéia



Nesse cenário de harmonia entre o que o planeta pode sustentar e o que a gente precisa de fato, como vocês vêem mudanças como a China, que num curto espaço de tempo trocou as bicicletas pelos carros. Como vocês vêem esse aumento de consumo e o novo paradigma que a China traz pro mundo?

Torres Freire

No que diz respeito à fome, o problema mundial não é falta de comida. O problema é político. De distribuição, barreiras, etc.

A agricultura familiar, do jeito como é hoje, não tem mercado. Não tem futuro. Às vezes é melhor concentrar terra por meio de cooperativas.

A China é uma ameaça não só por conta do crescimento, mas porque o modo como eles crescem é ruim. Da mesma forma que é impossível reproduzir o modo de vida norte-americano, também não dá para dizer "Chineses, não cresçam porque o planeta não aguenta".

Paul Regnier

Claro que a agricultura familiar não é competitiva. Não tem como. Mas abandoná-la também não é solução. Não é diminuir o preço da Mamona e sim aumentar o preço da Soja, por meio de taxas que abonem a destruição ambiental que ela representa.

Pessoa na Platéia

Como os palestrantes vêem as políticas de prevenção de natalidade?

Paul

São válidas. A dúvida é saber qual povo vai ser diminuído. A AIDS já mata milhares.

Vinícius

Ou se tem um programa voluntário ou um programa autoritário. Quando as pessoas têm informação, saúde e acesso à informação, elas têm capacidade maior de decidir sobre suas próprias vidas.

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