segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Palestra de Vinícius Torres Freire


Vinícius Torres Freire inicia sua palestra, "O custo econômico-social do biocombustível: uma abordagem jornalística", afirmando que o cenário do biodiesel apontado é basicamente inútil. Posto dessa forma, ele não mostraria quais os desenvolvimentos possíveis. O que está sendo discutido basicamente sobre biocombustiveis é como podemos ter um uso mais eficiente, menos poluidor, e, em última análise, quais países vão ter preponderância nesse mercado. Para discutir biocombustíveis é preciso ver outros fatores, como o interesse de grandes instituições a respeito do assunto. Não ver isso é fazer uma abordagem muito frágil.

Já sobre a dicotomia comida x biocombustíveis, Vinícius acredita que essa é uma visão ruim, pois as instituições não fazem pesquisas e nem permitiram algo nesse sentido. Para exemplificar, Vinícius mostra que para abastecer 100% do mercado americano, o Brasil precisaria de toda a sua área cultivável, mas isso nunca vai acontecer porque, em primeiro lugar, uma hora vai ser mais vantajoso plantar comida do que cana; e em segundo, países mais ricos tem barreiras que impedem países de terceiro mundo, como o Brasil, de se tornarem competitivos. Vinicius comenta ainda que a produção agrícola americana e européia é subsidiada oficialmente, o que dificulta a entrada do Brasil nesses mercados. Há também as barreiras cientificas, como a falta de incentivos à pesquisa.

A hipótese de que a mera extensão da produção de cana diminui o plantio de comida é bastante vulgar, pois é possível aumentar não só a área cultivável, como melhorar as produções. As barreiras para a expansão do álcool são, portanto, políticas.

Vinicius aponta que o álcool celulósico é a Meca das pesquisas do aproveitamento da cana como biodiesel hoje em dia. Torres Freire usa esses exemplos pra mostrar que os estudos nessa área ainda tem muito o que crescer. Especialmente em pesquisa, que não avança por falta de interesse no assunto. Como exemplo, as pesquisas de malária, que nunca foram à frente por falta de interesse.

"O Cenário catástrofe não é certo nem errado. É inútil."

Em quais condições é possível que se mantenha a agricultura familiar? No Paraná, essa agricultura está estritamente ligada a grandes empresas, como a Sadia. Entretanto é muito difícil manter uma relação dessas, pois, em muitas vezes, a produção familiar não serve às grandes empresas.

Não existe pesquisa eficiente para a produção de mamona e dendê. Em escala industrial, essa produção se torna inviável, entre outros fatores, porque para pegar mamona de vários produtores, o gasto logistico é muito grande (comercial e ambientalmente). Para produzir biodiesel, é preciso gastar diesel.

A cana vai ser apenas uma das alternativas energéticas do futuro. Primeiro, porque o mundo inteiro está pensando em novas fontes; segundo, nenhum pais com importância econômica vai querer sair da dependência do petróleo pra cair em outra. Energia não é só pra colocar no tanque do carro. É preciso se pensar em energia térmica, solar, aeólica, etc.

Proibir a queimada de cana traz prejuízos: elimina a mão-de-obra assalariada e mecaniza totalmente a produção, pois é inviável cortar cana manualmente, sem queima.

Quais as soluções? Investir em tecnologia, para aumentar a eficiência da produção, e romper as barreiras comerciais dos países ricos.

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